quarta-feira, 21 de outubro de 2015

05 ANOS SEM PAULO MOURA

Ao longo de 2015 completa-se meia década sem um dos mais expressivos instrumentistas da música popular brasileira de todos os tempos


Por Eric Garault


Músico brasileiro nascido em São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo, um dos saxofonistas e clarinetistas mais requisitados no Brasil e no exterior. De uma família de instrumentistas, era filho de Pedro Gonçalves de Moura e de Cesarina Cândida de Moura, sendo o caçula de 10 irmãos, sendo 6 homens e quatro mulheres. Seu pai era marceneiro de profissão e clarinetista e saxofonista da banda local, tinha seu próprio conjunto musical para animar as festas dançantes da região. Como todos os da família se tornou instrumentista e foi educado musicalmente pelo pai desde criança. Aos 9 anos, começou a estudar música e a tocar clarineta e, depois da Guerra, a família Moura mudou-se para o Rio de Janeiro, para morar na Rua Barão de Mesquita 363, na Tijuca (1945). Aos 14, ele entrou para o conjunto do pai e começou a ganhar alguns trocados tocando clarineta em bailes de classe média, nos clubes israelitas Monte Sinai e o Israelita Brasileiro da Tijuca, e nas gafieiras do Andaraí, Centro da cidade, Praça da Bandeira, Belfort Roxo e Pavuna. Freqüentando o Ponto dos Músicos, em frente ao Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, conseguiu dar início a arreira profissional, voltar a estudar formalmente no Ginásio Luiza de Castro e, também, a tocar sax (1949). Fez seu primeiro trabalho de músico com carteira assinada contratado como primeiro saxofonista solista da Orquestra de Oswaldo Borba, pela Rádio Globo (1951) e gravou no estúdio da Odeon.

No anos seguinte deixou Oswaldo Borba para acompanhar a Orquestra de Ary Barroso ao México, em sua primeira viajem internacional com duração de dois meses. Na volta ao Rio de Janeiro, retomou os estudos de clarineta e diplomou-se na Escola Nacional de Música. Aos 23 anos já tinha sua própria orquestra, escrevia os arranjos, escolhia o repertório e ensaiava músicos que depois se tornariam, como ele, destaques da musica instrumental. Com esta orquestra fazia bailes em clubes e gravou um LP de 33’ no estúdio da antiga Sinter, Escolha e dance com Paulo Moura e sua Orquestra de Danças (1956), o primeiro dos seus 40 discos. Iniciou sua trajetória no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1959), onde entrou por concurso como clarinetista, executando a Primeira Rapsódia de Debussy. A partir de então torna-se um expert apaixonado do repertório erudito das salas de concerto, óperas e balés, tocando sob a regência de Eliazar de Carvalho, Karabtchevsky, Stravisnky, Leonard Bernstein, entre outros. Também tocou e fez uma série de arranjos para grandes nomes da MPB, como Maysa, Elis Regina e Milton Nascimento, e fez e dirigiu trilhas sonoras para vários filmes e documentários nacionais. Tornou-se membro do Conselho Estadual de Cultura na gestão do governador Marcello Alencar e foi convidado (1996) a integrar o Conselho Federal de Música, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Manteve uma sólida parceria com Cliff Korman, com quem gravou ao vivo, no Festival de Gênova, um repertório que reunia de Pixinguinha a Duke Ellington, o CD Mood Ingênuo (1999), lançado na Europa e nos Estados Unidos.

Foi reconhecido com um Grammy Latino para música de raiz (2000), o maior prêmio da música mundial, com seu trabalho Pixinguinha: Paulo Moura e os Batutas. Recebeu (2005) o Prêmio Tim de Melhor Solista Popular por sua interpretação no CD El Negro Del Blanco e, ainda nesse ano, participou do documentário Brasileirinho, dirigido por Mika Kaurismaki e produzido por Marco Forster, com enorme repercussão no Festival de Filmes de Berlim, e em Marseille, na França. Em sua última tounée pelo exterior ele se apresentou na Tunísia e no Equador. Sua música foi recebida com grande repercussão na imprensa internacional que o considerou Embaixador da Musica Instrumental Brasileira. Em julho (2009) lançou o CD Afro-Bossa-Nova em parceria com o guitarrista baiano Armando Macedo, o Armandinho. Sofrendo de câncer do sistema linfático, depois de oito dias internado na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, o músico morreu a dois dias de completar 78 anos, sendo o corpo foi velado no Teatro Carlos Gomes, no Centro do Rio. Era casado com a psicanalista e escritora Halina Grynberg (1948- ), nascida em Swiebododzice, Polônia, que também era sua empresária e produtora musical, e ambos pais de Domingos (1988-), filho único do casal.

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