terça-feira, 13 de outubro de 2015

O ROCK DO DESERTO DE BOMBINO

Guitarrista tuareg apresenta o álbum "Nomad", lançado em 2013 e produzido por Dan Auerbach, vocalista e guitarrista do Black Keys

Por André Soares



Nascido num acampamento de uma tribo nômade, na região de Níger, Nordeste da África, Omara Moctar viveu parte da sua infância como um "cigano do deserto". Filho de um pai mecânico e mãe dona de casa, peregrinou por várias regiões entre a cidade de Agadez e acampamentos tuaregues, sob a tutela da avó (em comum acordo aos princípios matriarcais dos Tuaregues). Descendente de guerreiros, comerciantes e viajantes do Deserto do Saara, que lutaram pelo seu modo de vida durante séculos contra o colonialismo e as imposições das regras islâmicas, desde cedo Bombino recusou-se a frequentar escolas tradicionais. A base de sua educação, incluindo a musical, é proveniente da cultura do deserto e incursões em escolas mistas francesas.



Com as dificuldades de sobrevivência devido a confrontos militares, Bombino partiu com a família para Argélia, onde viveu por um curto período de dois anos, mas o suficiente para ser apresentado à guitarra numa visita aos seus parentes.



De volta a vida em Níger, Bombino (derivado da palavra italiana equivalente à "criança") aperfeiçoou as técnicas na guitarra e deu os primeiros passos como músico profissional, apresentando-se em festas, casamentos, comícios políticos e outras cerimônias. Mudou-se para a Líbia, onde ouviu grandes nomes da guitarra norte-americana e inglesa, como Jimi Hendrix e Mark Knopfler, do Dire Straits.

Entre o trabalho solitário como pastor de animais, as horas foram dedicadas ao estudo do instrumento. O guitarrista voltou para Níger, quando gravou seu primeiro álbum com auxílio de um grupo de cineastas documentaristas espanhóis. Viajou para Califórnia em 2006, como músico de apoio da banda "Tidawt", onde gravou junto a alguns membros da Rolling Stones, o clássico "hey negrita". 


REBELIÃO - O ano de 2007 foi um marco na história de Bombino. Uma forte rebelião se instaurou na cidade em decorrência da opressão sofrida pelos povos tuaregues, levando a morte de dois companheiros de banda do músico. Durante o exílio em Burkina Faso, ele conheceu o cineasta Ron Wyman, que ouviu uma fita cassete com suas músicas numa viagem nas proximidades de Agadez. Após três anos de terror e fim dos conflitos, entre idas e vindas de Bombino aos Estados Unidos, para gravação do seu álbum no "home studio" do cineasta, foi autorizado pelo Sultão uma grande festa de paz na Grande Mesquista, onde mais de mil pessoas compareceram e dançaram ao som de Bombino.

Seu primeiro álbum reconhecido internacionalmente, Agadez, foi lançado em 2011, que fez da sua música, sua causa. 

Atualmente "Bombino" é considerado a voz do deserto e carrega não apenas a força da sua guitarra e influências da música tuareg, mas também o compromisso de perpetuar a luta pelo reconhecimento e eternização de um povo que já dura quatro mil anos. Em seu último lançamento, o álbum "Nomad" (2013), produzido pelo vocalista e guitarrista do Black Keys, Dan Auerbach. alcançou o primeiro lugar na Billboard World Music e no iTunes, recebendo elogios de grandes veículos de comunicação, como a BBC World Service e Rolling Stones. Os críticos de música, devido a sua performance ao vivo numa combinação de som e alma com pitadas de virtuosismo, o comparam a ídolos como Jimi Hendrix, Santana, Neil Young e Jerry García.


MIMO - Este ano, o MIMO será realizado pela primeira vez no Rio de Janeiro (13 a 15 de novembro) em espaços culturais que são patrimônio da cidade como o Parque Lage, o Museu da República, a Sala Cecília Meireles, a Igreja da Candelária e o Outeiro da Glória. O festival também será realizado em Paraty (2 a 4 de outubro) e em Olinda (20 a 22 de novembro), cidade sede e "mãe" do festival.

O MIMO, em 2004, teve sua primeira edição em Olinda e já atraiu 880 mil espectadores em 300 concertos de grandes nomes do cenário cultural nacional e internacional, como Buena Vista Social Club, Madredeus, Ibrahim Maalouf, Toninho Horta, Chucho Valdés, Richard Bona, Egberto Gismonti e Richard Galliano.

Chega à 12ª edição como o maior festival de música instrumental do Brasil. Realizado em cidades que preservam bens e valores culturais do país, oferecerá concertos em espaços do patrimônio histórico como igrejas, teatros, museus e praças nas cidades de Paraty, Rio de Janeiro e Olinda. Este ano, o festival também irá contar com atividades em Ouro Preto e Tiradentes, no mês de outubro. 

Além das atividades realizadas, o MIMO deixa um legado por onde passa através da substancial Etapa Educativa. Com o objetivo de fortalecer a música instrumental produzida no país, esta fase do festival é composta por aulas, workshops, oficinas e máster classes ministradas pelos artistas convidados para o evento. As atividades também são gratuitas e até 2014 mais de 18 mil alunos já haviam sido beneficiados.

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