PETISCOS DA MUSICARIA

GRANDES INSTRUMENTISTAS PERNAMBUCANOS (VI) – ERASTO VASCONCELOS

Erasto Vasconcelos – Som de Rua

Dizem por aí que “parentesco, muitas vezes, mais atrapalha do que ajuda”. O ditado pode ser usado para Erasto Vasconcelos, irmão do mundialmente conhecido, o premiadíssimo Naná Vasconcelos.

Seu mano é uma bênção e também uma sina. Não raro, muitos o chamam de “o irmão de Naná”. Ora bolas, o cara tem talento, é diferente, mas é parecido, tem profissão semelhante, vem do mesmo berço.

Mesmo que trabalhassem juntos, fossem uma dupla como Marcos e Paulo Sérgio Valle, Kleiton e Kledir, Leandro e Leonardo, ainda assim sempre um dos dois exerceria maior peso na mídia, independentemente da qualidade profissional de cada um – aqui a comunicação e a extroversão podem fazer a diferença.

Naná Vasconcelos foi aqui retratado, no “Megaphone” da edição de 08 de setembro. Mas Erasto trata de afastar qualquer celeuma: “Não me incomoda ser irmão de Naná”.

Eddie e Erasto Vasconcelos – 2003 – Original Olinda Style:

Erasto Vasconcelos é um músico de jazz, compositor e percussionista. Considerado um dos mais importantes representantes da cena musical de Pernambuco, é o irmão mais novo e está com 68 anos.

Em 1977, vivendo em Nova York, gravou com Marcio Montarroyos e Hermeto Pascoal, o álbum “Stone Alliance”. Em 2005, lançou o primeiro álbum solo, o “Jornal da Palmeira” no qual gravou suas próprias composições dos vinte anos anteriores. Em seguida, 2008, lançou o álbum “Estrela Brilhante”.

Erasto Vasconcelos – Maranguape:

Sua ligação com Maranguape, bairro de Paulista-PE, na Região Metropolitana do Recife, é referência em sua música e em sua vida pessoal. O local que escolheu para morar é motivo de inspiração em seu trabalho.

Erasto Vasconcelos iniciou a carreira em 1965, participando de movimentos como a Tropicália e do ‘Clube da Esquina’.

Em 1981, mostrou no CD “Jornal da Palmeira”, o repertório de um musical criado por ele e que fala sobre o canto dos pássaros, danças e festas regionais e lembranças do Recife e de Olinda, com 12 composições próprias compostas em épocas distintas: “Recife”, “O Baile ‘Betinha’ “, “Mauricéia”, “Pipoca do cinema”, “Azulão poema”, “Forró das meninas”, “Advinhação”, “Capiba disse que é pra já”, “Poema da paz”, “Guia de Olinda”, “Ceci” e “Maranguape”.

O disco foi produzido por Fábio Trummer, vocalista e guitarrista do “Eddie”, grupo com o qual o músico costuma se apresentar. O projeto gráfico foi assinado pelo vocalista Jorge du Peixe e contou com a participação do baterista Pupillo, do baixista Dengue (do grupo Nação Zumbi), da cantora Karina Buhr (do grupo Comadre Florzinha), do percussionista Alexandre Urêa (do grupo Eddie), além da Orquestra Popular do Recife.

Vídeo com Erasto – Histórias e sons:

Em entrevista concedida à Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Erasto informou que lançou um disco com Ronald Shannon Jackson, “Eye on You”, em 1980, lançado pela About Time Records. Fizeram o circuito universitário. Dessa banda, participava Vernon Reid (guitarrista do Living Colour, grupo de rock formado só por negros).

Primeiro trabalho solo: “Jornal da Palmeira”

O baterista Ronald Shannon Jackson, falecido em 2012, tocou com três grandes nomes do free jazz: Ornette Colleman, Cecyl Taylor e Albert Ayler.

Capa do disco “Eye On You”: com Ronald Jackson

No mesmo depoimento, Erasto ressaltou que os contatos com Ornette Coleman foram só “canjas”. Revelou que morou no Rio, em Santa Teresa, com Lô Borges e Márcio Borges, do Clube da Esquina, e tocou com Bruce Henry, do grupo Soma, de rock.

Participou também do grupo de João do Vale, por oito meses. Residiu três anos em Salvador, na Boca do Rio e no Largo 2 de Julho, centro. Foi do Bendegó (grupo já extinto, liderado pelo músico Gereba). Erasto explicou que não foi integrante fixo de nenhum grupo em Pernambuco, mas tocou com quase todo mundo: Alceu, Robertinho do Recife, Lula Cortes.

Fez um show chamado Batalha Cerrada, com Zé Ramalho da Paraíba (como era conhecido o cantor paraibano) e com Alceu Valença.

Atualmente, tem vários shows programados com Banda Eddie. Está preparando o show Nau, em que pões música em poemas seus sobre o mar.

Semana que vem, tem mais histórias e sons de nossos melhores músicos instrumentistas….

Fontes: Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj; Wikipedia; acervo pessoal; Dicionário Ricardo Cravo Albin.