sábado, 22 de outubro de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA

DOSE DUPLA – JOÃO BOSCO E ALDIR BLANC

João Bosco e Aldir Blanc: um das parcerias mais virtuosas da música brasileira


Gosto muito de brincar com os cariocas, e fluminenses, afirmando que os “melhores compositores do Rio são mineiros”. Ilustrava minha bazófia com os craques Ary Barroso, Ataulfo Alves e João Bosco. Naturais de Ubá, Ponte Nova e Miraí, respectivamente, os mineiros citados são de fato três dos maiores compositores brasileiros, mas certamente o Rio sempre concentrou e continuará pontuando na área do samba e de outros ritmos, alimentados na Lapa, na Tijuca ou em Vila Isabel.

Lembrei-me da brincadeira que faço com os queridos cariocas, ao escolher o estupendo e original João Bosco para a série “Dose Dupla” de hoje.

Assim como temos parcerias que são verdadeiros casamentos musicais, eternos até se encerrarem, João Bosco e Aldir Blanc – este carioquíssimo – são exemplo semelhante a Paulinho da Viola e Elton Medeiros, Tom e Vinícius ou Noel Rosa e Vadico.



Só para relembrar alguns dos clássicos emplacados pela dupla, destaco: “Bala com Bala”; “Kid Cavaquinho”, “Caça à Raposa”, “O Rancho da Goiabada”, “Falso Brilhante” e o clássico, que virou hino aos exilados “O Bêbado e a Equilibrista”.

Faço, porém, hoje nesta coluna, o registro de outra canção, igualmente linda, no nível poético-musical das melhores da dupla, que é o boleraço “Dois prá Lá, Dois Prá Cá”.

A dobradinha que trago é com o próprio João Bosco, uma interpretação magistral, e a outra versão, definitiva, de Elis Regina. Aliás, Bosco e Blanc foram dois dos maiores provedores de sucessos de Elis.



Bom que se aponte aqui que o bolero praticamente é revivido e, de certa forma, reintroduzido na música brasileira, digamos mais requintada, a partir da canção de João Bosco e Aldir Blanc.

Digo isto, sem me inserir naquele grupo de críticos ou consumidores de MPB que não ouviam Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Altemar Dutra, Maysa, Carlos Galhardo. Deste gênero nunca tive falta, pois aprendi a gostar dele desde cedo na radiola da casa de meu avô.

Letra e música de “Dois prá lá….” são tão modernas e sincronizadamente lindas que, mesmo quem não gostava ou não sabia o que é bolero, passou a entender o quão bonito é o gênero. Logo depois, Maria Betânia saía dos “Carcarás” e recheava seu repertório de grandes boleros.

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