terça-feira, 18 de outubro de 2016

RODRIGO NASSIF E SEUS TRÊS MOSQUETEIROS

Primeiro lugar na Apple Store nacional em downloads com o seu novo projeto, Rodrigo Nassif vem colhendo os frutos deste exitoso álbum a partir da boa aceitação tanto do público quanto da crítica especializada por onde tem passado.

Por Bruno Negromonte


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Histórico romance escrito pelo francês Alexandre Dumas, Os Três Mosqueteiros surgiu como volume inicial de uma trilogia, com base nos importantes fatos do século XVII. O livro que acabou por dar ao Alexandre fama internacional, retrata as aventuras de quatro grandes heróis: Athos, Aramis, Porthos e D’artaghan. Enquanto o enredo da obra francesa relata a odisseia de um jovem interiorano que treinado pelo pai para se tornar um mosqueteiro vai à capital francesa objetivando alcançar esse sonho, o artista hoje em questão também traz em sua biografia um enredo parecido ao protagonista do clássico francês, pois ao longo de sua trajetória musical acabou por somar sua força e talento a mais três nomes. Paralelamente a história escrita  por Dumas, o músico Rodrigo Nassif também vem enfrentado as mais distintas adversidades existentes ao longo de sua coerente jornada musical; mas assim como D’artaghan, ele persiste, não se deixa esmorecer, e desse modo, busca nas dificuldades existentes uma maneira de sobressair-se neste nefasto cenário musical que vivemos atualmente. Enquanto no romance de Alexandre Dumas, o personagem D’artaghan nada mais quer que entrar para a companhia dos Mosqueteiros do Rei, Nassif quer divulgar aquilo que sabe fazer de melhor, e a partir daí fazer-se uma espécie de mosqueteiro em defesa da música de qualidade ainda produzida em nosso país. E para isso vem, ao longo dos últimos anos, fazendo um trabalho que vem conquistando tanto o público ávido por boa música quanto a crítica especializada a partir de uma sonoridade híbrida. Uma música arquitetada e construída pautada em distintas influências e que abarcam desde o regionalismo existente em sua região de origem a partir de regionais como o chamamé gaúcho, o tango‐milonga, a valsa, dentre várias outras vertentes da música instrumental, fazendo com que sua substanciada produção venha a conquistar os mas distintos prêmios, tais quais o Prêmio Açorianos em 2009 na categoria “Melhor Intérprete Instrumental”.



Advindo de Passo Fundo, cidade gaúcha localizada a pouco menos de 300 quilômetros da capital, Rodrigo Nassif hoje contabiliza quatro álbuns autorais, onde evidencia-se um estilo próprio a partir de uma sonoridade que vem sendo classificado como jazz‐milonga. Incursionando por suas mais variadas influências literárias e sonoras, Nassif traz em sua biografia uma intrínseca relação com a música desde muito cedo. Com a música fazendo parte de sua rotina do lar a partir de seus pais e avô, o jovem desde muito cedo deixou-se levar por este contexto, e essa paixão acabou levando-o naturalmente a este universo sonoro tão presente em seu cotidiano. Ao longo desse envolvimento, ganhou uma bolsa para estudar bacharelado de música e nesse ínterim conheceu a violinista Aline Morena (a mesma instrumentista que tempos depois viria a se tornar esposa de multi-instrumentista Hermeto Pascoal) e, logo em seguida, aproxima-se do Eduardo Isaac, uma das personalidades mundiais do violão, que acabou corroborando para que Nassif pudesse ir à Mar del Plata, na Argentina, onde ganhou bolsa de Mestrado no prestigiado Consevatório Luís Giannneo. Essa sua experiência contribuiu não apenas para endossar a sua teoria, mas também para atinar para o desenvolvimento de sua verve autoral. No entanto, após o curso, o desejo de voltar para o Brasil era tão evidentemente urgente que o músico não pensou duas vezes, e abriu mão das oportunidades existentes na cidade argentina e retornou. Em compensação, a volta ao Brasil o proporcionou o deslanche de sua carreira fonográfica. Tal acontecimento o inspirou de tal forma, que ocasionou a gravação do seu primeiro álbum que tem por título o seu próprio nome. Daí em diante vieram discos como "Fronteira" e "O pulo do gato" que, somados, venderam mais de cinco mil cópias só no Rio Grande do Sul.

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Hoje, inquieto artista que é, reinventou-se e o seu violão erudito encabeça um quarteto sonoro formado por ele (violão, guitarra e piano), Carlos Ezael (violão), Leandro Schimmer (bateria e piano), Samuel Cibilis (baixo acústico e elétrico) cujo nome é Rodrigo Nassif Quarteto. A frente deste projeto atualmente vem apresentando ao grande público o álbum "Todos os dias serão outono", primeiro disco do quarteto (lançado apenas no formato digital) e que foi direto para o primeiro lugar da Apple Store nacional em downloads e em streaming. O disco que foi gravado em um só dia e traz nove faixas compostas por Rodrigo Nassif. São canções que fogem de conceitos e estigmas pré-fabricados, que reiteram a partir do seu instrumento este seu vigor que a cada novo registro fonográfico mostra-se mais apurado, característica esta que vem sendo construída a partir de características muito peculiares. A expressividade de sua música sabe onde quer chegar e a quem quer alcançar ao, com propriedade, tão bem passear na tênue linha existente entre a música e a literatura a partir de influências como Gabriel Garcia Marquez e José Saramago (este último, em 2009, propiciou a Nassif a conquista de um dos mais relevantes prêmios existentes no Rio Grande do Sul, "Açoiranos", da prefeitura de Porto Alegre).

Feitos como a venda de 5 mil exemplares dos discos anteriores e o primeiro lugar na Apple Store nacional em downloads e em streaming, vem mostrando que Rodrigo Nassif não errou o caminho escolhido quando resolveu aprimorar-se como músico a partir de peculiaridades que distinguem o seu trabalho dentre tantos. Agora, após a formação do quarteto nesta busca incessante por novas fórmulas rítmicas, evidencia-se de forma ainda mais clara que a sua concepção acerca da composição expandiu-se como o próprio músico reconhece ao afirmar: Essa dificuldade de as pessoas rotularem as minhas músicas pelo ritmo foi o que me levou a continuar o processo compositivo. Comecei a entender essa sonoridade mais grandiosa que o quarteto permitia. Eu achei que essa formação do quarteto deixou as portas abertas para muito mais probabilidades, uma palheta maior de cores, permitiu abrir em várias janelas onde eu podia estender a minha". E desse modo, construindo uma sonoridade com a intenção de pouco ou nada ser cognominada, Nassif dificilmente passa indiferente aos ouvidos. Trata-se de uma identidade sonora que vai à visceralidade das canções sem necessariamente prender-se a estilos ou rótulos, uma sonoridade que não tem estigmas nem fronteiras mesmo sob forte influência da música cisplatina. Uma influência que busca não estigmatizar, mas somar forças com outros gêneros a partir de um estilo despretensiosamente adornado por um vigor bastante pessoal. São características como estas que o tem levado a um reconhecimento cada vez mais constante como se é possível atestar ao longo desses anos por onde tem passado o instrumentista e compositor gaúcho. Um caminho que constituído pela polissemia e  organicidade do seu instrumento acaba evidenciando uma identidade musical de modo muito marcante, distinguindo-o dentre tantos.



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