domingo, 4 de dezembro de 2016

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Ainda abordando o início da carreira do cantor, instrumentista e compositor Guilherme de Brito, a sua persistência existia na mesma proporção de sua falta de sorte. Após inúmeras tentativas para que uma de suas composições chegasse a ser gravada o pobre pretendente a compositor já não via mais esperanças de que suas canções ganharia algum dia o registro na voz de alguém. Seu sucesso restringia-se apenas às interpretações de sua canções, nunca um registro. Vários cantores cantavam suas músicas, mas na hora de gravar tais intérpretes sempre priorizavam os notórios compositores existentes na época. Todo este contexto acabou por convencer Guilherme de Brito que a sua pretensa carreira como compositor não havia vingado e o melhor a fazer era desistir dessa ideia e continuar em sua função nas casas Edison. Até que um dia, após reencontrar um velho amigo que havia retornado do Mato Grosso, ouviu uma canção de sua autoria cantada por este amigo (música esta que nem recordava mais, mas que achou tão interessante que suscitou novamente o seu desejo de arriscar a sorte como autor). Nesta nova investida rumo a carreira de compositor mostrou a composição "Meu dilema" ao seu concunhado Vaguinho, que acompanhava o cantor Augusto Calheiros cantava na rádio Roquete Pinto. O concunhado o levou para à rádio e lá Guilherme tocou a valsa para o cantor e ele me prometeu que gravaria. Empolgado o compositor retomou a ideia de compor e fez mais algumas valsas para mostrar ao cantor, e para a sua surpresa, cada valsa apresentada empolgava o intérprete ao ponto de parecer inevitável que pelo menos uma daquelas iria não apenas fazer parte do repertório do artista, mas também de sua discografia. Um dia, para surpresa e alegria do compositor Guilherme de Brito,  Augusto entra em contato: “Guilherme, passa lá na Todamérica pra assinar o contrato que eu vou gravar tua valsa.” 

A respeito dessa ligação há um fato interessante. Após a notícia que iria gravar sua música, Augusto Calheiros disse a Guilherme: “Mas tem uma coisa que eu vou te dizer: você nasceu com o cu pra lua.” Questionada por qual razão o cantor explicou. O produtor do disco era o músico Antônio Almeida, que havia pedido ao próprio Augusto que escolhesse as músicas. De cara ele apresentou "Meu Dilema", mas faltava o lado B. Aí para a escolha desta segunda canção o cantor começou a cantar várias músicas e o Antônio Almeida achou todas fracas. Quando ele não tinha mais nada pra cantar, cantou “Audiência Divina”, outra valsa de autoria de Guilherme, e ela foi escolhida pra compor o disco. Ao invés de uma, o pretenso autor teria duas canções gravadas de uma só vez por um único intérprete (feito raro para a época). Finalmente a sua carreira de compositor estava começando a desleixar após inúmeras tentativas. Finalmente alguém iria sair sobrepor a interpretação e iria gravar uma canção de sua autoria. Finalmente alguém iria se dispor a um registro de sua autoria, após inúmeras frustadas tentativas. Finalmente ele estava retomando um velho sonho que havia adormecido em seu campo de desejos não realizados e voltou a escrever canções. Finalmente a sua carreira como compositor profissional estava dando o seu primeiro passo rumo aos clássicos da música popular brasileira como viria a acontecer anos depois e o pretenso artista nem se dava conta. Finalmente havia acontecido o primeiro registros fonográfico de uma canção de sua autoria e estava dado o primeiro passo para outros grandes nomes da música pudesse a vir gravá-lo também como viria a acontecer e é do conhecimento de todos. 

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