sábado, 3 de dezembro de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA: MOMENTOS MÁGICOS – PERUÍBE – VOO PANORÂMICO SOBRE A JUREIA – III



Por Joaquim Macedo Junior


O Costão: praia onde termina Peruíbe, que recomeça da Jureia


Homenagem a Brother – (in memorian)

Bem, a noite foi até mais tarde. Uns ficaram pela madrugada. Outros aguardaram o sol nascer.

A farra e as emoções do casório de Peruíbe foram uma overdose de alegria e curtição. A felicidade estampada em todos. Uns por casar, outros por participar, ainda alguns pelo privilégio de ter visto aquilo pela primeira vez.

A Ruth Eppinger Henrique, nossa colega de rede social, mora atualmente em Peruíbe e afirma que lembra-se daquele casório na praia e que, de fato, depois dali muita apareceu querendo casar-se em cerimônia na beira da praia, pois ouvira falar etc. Diz a Ruth que o hábito se mantém, em menor intensidade, até hoje.

É bom uma testemunha ocular depois de um tempo passado, pois o contador de história costuma aumentar um ponto, mesmo que não esteja contando um conto.

Fato é que o casamento, com as águas espumantes batendo nos descalços, a brisa forte do mar, o balouçar dos coqueiros, e a música constante, mas não estridente, fizeram que esticássemos o tempo até a linha do horizonte.

Quem precisasse de um tira-ressaca instantâneo que fosse ao Costão (foto acima), praia desnuda, protegida pelos primeiros barrancos da Jureia e disposta ao massageio e as destemperanças estomacais dos que mais se excederam no álcool. Quem não ia para o Costão, uma caminhada terapêutica, tomava o banho de mar ali mesmo no trecho da barraca 34.

Num casamentão como este, embora de rito alternativo, também pedia uma bela feijoada – ninguém melhor que tia Silvia para fazê-la, quitutes, sobremesas, música e brincadeiras de felicidade – como jogar água no outro com mangueira (esguicho) só para zonar. Ah naquela época ainda não estávamos com a crise hídrica manifestada. Possivelmente, também contribuímos para a escassez atual.

Caravan(*) prefixo OGE (Oscar, Golf, Eco), equipamento ave de trabalho de Rick, amigo de longa data, e comandante de linhas aéreas


Era domingo 26 de janeiro de 1995. Nós ainda tínhamos quase uma semana para o término das férias.

No casamento, para cumprir com alguns procedimentos de praxe, chamamos, dedo, nossos padrinhos de casamento: era um casal super importante para a gente, por amizade, afinidade, carinho e outras identidades. Juntamos Rick, Ricardo de Carvalho Ferreira Junior – comandante de linhas aéreas – e Fathia Gouveia, prima da Eva, pessoa com quem me identifiquei imediatamente e que sempre foi uma figura diferenciada pelo desprendimento, bom-humor e a praticidade judaica.

Formaram um casal de padrinhos perfeito. A curiosidade é que Rick, esse meu amigo piloto fora para o casamento pilotando um avião. Se fôssemos de classes abastadas, com poder ou conexões em altos escalões, poderíamos entender o veículo de deslocamento de Rick como normal. Mas, não. Éramos todos classe média, remediada. Ele, excelente profissional, vocacionado para aquilo e tendo voltado sua vida toda para a arte de voar, naquele momento ainda estava em frilas e trabalhos avulsos, antes de se tornar comandante da TAM.

Pois bem. Aquela chegada em grande estilo de nosso amigo comandante foi motivo de badalação, mas logo depois tomou forma de fato consumado, quando todos começaram a pensar na ideia de que ele fora pelos ares de São Paulo a Itanhaém não para se “amostrar”, como dizemos no Recife, mas para nos oferecer de presente de casamento um sobrevoo na região.

Os escolhidos (sim, porque houve até sorteio): Rick – sem o qual não sairíamos do chão-; eu, que sentei no lugar do copiloto; Lulo, Silvia, Marcio, Marta, Eva, Macedo, Jorge, Elen e Dani Levy.


Sim, havia alguma coisa no ar, além das nuvens e passarinhos. Rick realmente fizera aquele voo para nos agraciar com uma das mais belas viagens aéreas, sobrevoando o santuário da Jureia. Fora premeditado. Melhor assim, pois aqueles que ainda tinham viajado pelos ares não viveriam enjoos antes do tempo. Só em velocidade de cruzeiro (não vou dedar). Ah, a única intercorrência foi que o comandante descobriu que estava com pouco combustível para executarmos o voo desejado. Por isso, foi necessário voltar a Congonhas para reabastecer. Foi todo mundo, pois de lá seguiríamos para a Jureia. Na sala de espera de passageiros de aviões executivos, alguns engravatados e senhoras de elegância casual se entreolhavam perguntando de onde vem essa tribo. Afinal, a última coisa que estávamos preocupados era com a aparência. Tinha neguinho de bermuda, sem camiseta, descalços e até exóticos com flores no cabelo, resultado das festas do dia anterior. Ficaram horrorizados os vips…


Final de Congonhas: foto tirada das costas do co-piloto


Não é uma distância do outro mundo, esta que fizemos. Poucos sabemos que, na verdade, os municípios de São Paulo, capital, e Itanhaém, na Baixada Santista, fazem fronteira.


Vejam o Sul da capital e o município de Itannhaém são contíguos


Comandante Rick e passageiros: à frente Leon; atrás, de óculos Eva.


Experimentado piloto, brevetado no Aeroclube do Recife, no Encanta Moça. Ricardo Ferreira Junior, fez todos os cursos – incluindo o do EAPAC – na profissão até atingir a condição de comandante da TAM. Aperfeiçoou-se ne Focker, na Holanda, e na Airbus, na França.

Seu estilo de voar é extremamente suave, garantindo tranquilidade e conforto aos passageiros, embora faça curvas leves para inclinar a aeronave de acordo com as melhores possibilidades visuais. Arrojado, não se nega a fazer ‘looping’, ‘reversement’, quando está sozinho ou com amigos de profissão. Sua fonia internacional é considerada perfeita.


Vista da Jureia: uma das duas principais
Unidades de Conservação do estado de São Paulo Jureia


A Estação Ecológica de Jureia-Itatins é uma unidade de conservação brasileira de proteção integral à natureza, localizada no litoral Sul paulista, com o território distribuído pelos municípios de Iguape, Miracatu, Itariri, Pedro de Toledo e Peruíbe. Na linguagem tupi-guarani, Jureia significa ‘ponto saliente’ (promontório) e Itatins, ‘nariz de pedra’ (rochosa)




Vista da parte baixa da Cachoeira do Perequê, dentro
da Estação Ecológica de Juréia-Itatins – Peruíbe/SP.


(*) Na década de 1980 o fabricante norte-americano Cessna passou a disponibilizar a versão alongada da mesma linha de aviões, chamada Cessna 208B Grand Caravan, um derivado com espaço interno aumentado e melhorado para transportar até nove passageiros em viagens interestaduais e intermunicipais.

O Cessna 208B Grand Caravan, com fuselagem alongada, e o seu irmão menor Cessna 208A Caravan, podem ser equipados com bagageiro externo fixado na parte de baixo da fuselagem da aeronave, solução adotada também em outros modelos de aeronaves com motorização turboélice de outros fabricantes, como, por exemplo, os bimotores Jetstream 31 e Jetstream Super 31 da British Aerospace.

O resultado final foi satisfatório para os clientes na década de 1980, com reflexos imediatos no volume de vendas, com mais de 1.400 unidades de Caravan e Grand Caravan negociadas até hoje, um grande sucesso de vendas que é a prova definitiva de uma nova tendência no mercado mundial de aeronaves, muito favorável aos monomotores turboélice.

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