terça-feira, 6 de dezembro de 2016

SÃO PAULO - UM ESTADO DE EMOÇÕES E OUTRAS PECULIARIDADES

Livro reúne 36 anos de saudades de seu torrão natal, experiências de viagens, relatos profissionais e estórias diversas que foram somadas entre os anos de 2012 e 2015

Por Bruno Negromonte





Em 1976, quatro anos do autor deste livro partir da capital de Pernambuco tendo por objetivo desbravar a maior cidade do país, o cantor e compositor Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes lançava "Alucinação",segundo disco de uma carreira fonográfica iniciada dois anos antes como o álbum "Mote e glosa". Tal disco, surgiu predestinado ao sucesso, pois veio recheado de canções que viria anos depois ganhar o gosto popular e que acabariam por tornarem-se imprescindíveis nas apresentações do artista cearense. Dentre canções como "A palo seco", "Velha roupa colorida" e "Apenas um rapaz latino-americano" entre outras. Está lá também a canção "Fotografia 3x4", que de cara me fez acreditar ser a trilha sonora ideal para sintetizar esta obra lançada através da Editora Pasavento e cuja a capa remeteu-me aos lancinantes (porém verdadeiros) versos da canção onde, em dado momento, o autor entoa: "Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade disso Newton já sabia! Cai no sul grande cidade". O ilustrador Novaes soube capitar bem o espírito da coisa ao retratar o universo que se abria diante de um nordestino que chegava a maior cidade da América do Sul e uma das maiores metrópoles do planeta para dar início a um novo contexto pessoal e profissional, onde o medo inicial aos poucos foi dando lugar a uma espécie de encanto pautado na heterogeneidade de uma cidade que em 1980 tinha quase 8 milhões e meio de habitantes (enquanto a capital do seu estado de origem contava com "apenas" 1.240.937). Tal magnetismo (assim como também o medo de encarar as possíveis agruras) presentes na nova cidade é retratada em "São Paulo nos trilhos do coração", crônica que abre a primeira parte do livro ("Crônicas líricas e de reportagens").

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Ainda neste primeiro momento, Joaquim Macedo evidencia-se muito além do desbravador de uma megalópole (contexto que pode ser evidenciado na crônica "O desafio: Como conhecer São Paulo decorando o mapa") quando apresenta distintos temas que vão desde o trágico início do processo de redemocratização do país com a morte do presidente Tancredo Neves ("Os bastidores de uma tragédia anunciada"), perpassando pelos movimentos culturais paulistas e seus espaços de resistências como nas crônicas "Lira paulistana: Movimento cultural, vanguarda de Sampa", "Lira Paulistana e Itamar Assumpção" e "Manifestação em prol do brincante reúne milhares de pessoas"; as minúcias existentes para além do tão difundido e conhecido centro da capital paulista (como as crônicas "Liberdade, bairro de passagem, o mais cosmopolita" e "Perdizes, o mais completo bairro da cidade"; a abordagem do nome de um dos ícones da política paulista e nacional Mário Covas ("Histórias de um repórter de rua: O cidadão Mário Covas") e o curioso e emocionante encontro entre o repórter Macedo e o eu ídolo de infância ("O repórter e o mito"), entre outras tantas se prendermo-nos apenas a esse primeiro momento. Ao partirmos para a segunda abordagem do livro (Parte II - Crônicas de viagens) deparamo-nos com um autor que deixa evidenciar o prazer do usufruto dos lugares onde passa como nas abordagens feita a respeito de Tatuí  em três momentos, o Guarujá, Santos, a caverna do Diabo, Campos do Jordão e a curiosa interligação entre Amsterdã, Iguapé e Pernambuco. Tudo isso com uma riqueza de detalhes peculiar sempre deixando escapar nas entrelinhas uma forte ligação com seu torrão natal ao trazer detalhes comparativos e/ou correlacionados com o seu estado natal.


Joaquim Macedo Júnior, dispensa apresentações a quem acompanha tanto o Musicaria Brasil quanto o Jornal da Besta Fubana, pois assina coluna em ambos. Pernambucano, "Quincas" (como por muitos é chamado), é jornalista formado pela PUC-SP e pós-graduando em Jornalismo Cultural pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas). Radicado há décadas em São Paulo o jornalista traz em seu currículo as mais distintas experiências profissionais. Ainda na PUC atuou como assessor de imprensa da instituição. Soma-se ainda a sua experiência profissional duas passagens pela Câmara Municipal de São Paulo como assessor de imprensa de dois vereadores. Como assessor de Imprensa atuou no governo do Estado de São Paulo, no Diretório Estadual do PSDB em São Paulo e na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, assim como também no Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Conta-se também a sua passagem pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU/SP) como gerente de Marketing Institucional e as diversas funções exercidas nas rádios paulistas. Como repórter, redator, apresentador, noticiarista, editor e produtor trabalhou em emissoras como Eldorado, Bandeirantes, Cultura, Excelsior (atual CBN) entre outras. Atualmente, é responsável pela Assessoria de Comunicação Joframa, além de prestar consultoria jornalística e atuar como revisor, escreve semanalmente (às terças) no "Jornal da Besta Fubana" assim como também aqui no "Musicaria Brasil", aos sábados, com os seus "Petiscos da Musicaria", e eventuais participações em Hangouts e outros contextos musicais presente no espaço.

Ao ler "São Paulo - Um Estado de emoções", será possível observar a partir das trintas crônicas muito bem selecionadas para este livro as mais distintas facetas do autor. Lá está presente o repórter, o turista (que não abre mão do lado repórter também), o pesquisador de minúcias, o amante da cultura popular, o ardoroso fã dos movimentos culturais e do futebol. Trata-se da história pessoal e das histórias vivenciadas e acumuladas ao longo dos anos por um nordestino que como tantos outros foi arriscar a vida em uma megalópole, mas que não abriu mão de suas origens, buscando evidenciá-las sempre que possível. Uma saudade do seu torrão natal que agora se faz impressa, e que mesmo que o tempo venha a torná-la amarela, eterniza-se a partir de efetivas e bem elaboradas linhas. Quincas fez-se capaz de nos presentear com um livro que traz consigo uma leveza peculiar, imbuída também de um contexto que não abre mão do didático, e que acaba por fazer da leitura, além de prazerosa, algo extremamente instrutivo. Dados biográficos, informações complementares sob os mais variados temas e lugares entre outras peculiaridades são encontradas em "São Paulo - Um Estado de emoções". Um excelente material que transpassa a fronteira do trivial e acaba tornando-se algo que vai para além da indicação de leitura como já se fez possível atestar a partir das oportunidades que o querido autor e amigo oportunizou a muitos a partir do lançamento, como foi o caso da noite de autógrafos no Museu Histórico Paulo Setúbal.







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