sábado, 25 de março de 2017

PETISCOS DA MUSICARIA

Por Joaquim Macedo Junior


SÉRIE “AS MINAS GERAIS” – COZINHA MINEIRA

Cozinha Mineira: café da manhã; chá da tarde


Aqui em São Paulo há algumas décadas, tinha convicção de que o ‘Tutu à Mineira’ era a matriz do meu habitual ‘Virado à Paulista’.

Vamos começar esta parte da viagem desfazendo essa máxima. Saibam todos que aqui me ouvem que os bandeirantes levaram o virado para Minas Gerais, onde o prato se converteu no tutu à mineira.

E a grande diferença é que o tutu mineiro é feito com feijão moído e o virado a paulista feito com grãos inteiros. (Está nos compêndios de gastronomia). O pior é que aprendi a versão errada justamente na capital bandeirante.

Pois bem, nesta passagem por um dos pontos mais importantes de Minas e do Brasil, as cidades históricas que compõem a Estrada Real e a dos Inconfidentes pensava em passear, conhecer os lugares, os museus-cidade, a prosódia, as alterosas, os pontos de atração, as obras do Aleijadinho, o moderníssimo acervo e saudável ambiente de Inhotim, mas não pontuei um dos quesitos mais característicos da terra, que é a gastronomia.

Sabor é memória, memória é cheiro, cheiro é sensualidade. Descobrimos a diferença gritante do tutu para o virado e um punhado de comidas, comidinhas, guloseimas e muita novidade.

Restaurante mineiro: mais um frango com quiabo


Para mim, a maior delas foi a dupla, presente em quase todos os restaurantes, self service, lanchonetes e botecos foi ‘frango com quiabo’. Sei que não há unanimidade quanto ao quiabo (longe disso), mas sou quiabo-maníaco, desde que morei na Bahia, nos 1970.

Cafezinho gostoso no CBBB, praça da Liberdade


Um panorama da comida mineira:

A carne de porco é muito presente, sendo famosos o ‘tutu com lombo de porco’, costelinha de e o ‘leitão à pururuca’. São apreciados a ‘vaca atolada’, o feijão tropeiro com torresmo, a ‘canjiquinha com carne (de boi ou de porco)’, linguiça e couve, o frango ao molho pardo com angu de fubá, o ‘franco com quiabo ensopado e arroz com pequi’.

São famosos os doces mineiros, especialmente o doce de leite (hum), a goiabada e a paçoca. O pão de queijo (vá no natural, fuja das franquias), os queijos (e o seu modo artesanal de preparo) e o café também estão entre as principais referências da cozinha mineira.

Muitos pratos têm origens indígenas, cuja culinária era predominantemente à base de mandioca e milho e teve incremento dos costumes europeus, com a introdução dos ovos, do vinho, dos quentes e dos doces.


Alguns dos melhores

É passeio, mas vale a pena dar nota e classificar pelos itens tradicionais de sabor, variedade, higiene geral, ambiente, físico e de receptividade, relação preço/consumo e assim por diante. Faço isso pelo prazer de ressaltar os que mais gostei e, quem sabe, indicar a algum amigo que por aquelas terras vá passar. Nem fiz freela pela 4Rodas.


01) ‘Sabor Rural’, tudo feito na hora, comida mais primitiva de Tiradentes – nota 10;

02) ‘Parada do Conde’, em Ouro Preto; foi um encontro de sabores, amizades e simpatias recém concebidas. O Ricardo e a Poliana fazem o casal perfeito no atendimento, graça e profissionalismo, sem perder o humor. Eu degluti ou degustei um prato de carne, mas fiquei encantada com a polenta, deliciosa e esparramada no prato. Foi mais que um grande almoço meus amigos. Trilha sonoro de primeira – nota? 10.;

03) “O Bar do Museu do Clube da Esquina’, do qual aqui já falei em outras colunas é imperdível. Falem com a Virginia, sabe tudo, amiga de todos os Borges – 10, claro;

04) Por fim, o ‘Tamboril’, principal restaurante do Instituto Inhotim. Primeiro, conhecer d. Naílde, uma figura simpaticíssima e disposta a tirar todas as dúvidas dos clientes sobre os cordeiros e demais iguarias. Afinal, ela é a Chief do Tamboril e de todos os locais de alimentação do Inhotim, inclusive do Helio Oiticica. Outro 10.

Semana que vem, tem mais…

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