quarta-feira, 21 de junho de 2017

NARA LEÃO TEM DISCOS RELANÇADO EM PLATAFORMAS DIGITAIS

Por José Teles



Nara Leão completaria 75 anos em 19 de janeiro de 2017, pouco lembrada pelas novas gerações consumidoras de música. Numa época de cantoras de vozeirão, como Elis Regina, de performances dramáticas, feito Maria Bethânia, ou de flertes com a vanguarda, como a Gal Costa tropicalista. Com voz de pequena extensão, foi intérprete sutil, de extremo bom gosto na escolha do que cantava, de antenas ligadas para o novo. Não era de seguir tendências, mas de aponta-las.

Esteve discretamente presente no nascimento da bossa nova, porém ao começar a carreira preferiu a descoberta de autores iniciantes, e velhos sambistas. Alistou-se na trupe tropicalista, e quando a barra pesou, abrigou-se da ressaca dos anos 60, em Paris, quando enfim gravou a bossa nova que a geração udigrudi esnobava (o álbum Dez Anos Depois, 1971). Seus sucessos radiofônicos foram poucos para a qualidade da obra, cuja importância evidencia-se pelo relançamento em CD de quase todos seus discos.

Álbuns do final dos anos 70, e parte do que chegou às lojas nos anos 80, foram relançados, nas plataformas digitais, pela Universal Music. Os discos: Um Cantinho, Um Violão (com Roberto Menescal, 1985) Meus Sonhos Dourados (1987), Raridades II (2002), Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos (1978), Abraços e Beijinhos e Carinhos Sem Ter Fim (1984), Meu Samba Encabulado (1983), Nasci Para Bailar (1982), Nara Canta em Castellano (1979), Romance Popular (1981), Com Açúcar, Com Afeto (1980).

Destes, tem a peculiaridade de Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos, que poderia ter voltado com o título original, Que Tudo Vá pro Inferno e a faixa que batiza o álbum, dedicado à música de Roberto Carlos. O Rei, que recentemente tirou do index este que foi seu primeiro sucesso marcante (em 1965), exigiu que a canção fosse limada do disco. Sem a música o disco mudou de nome.

Com Açúcar e com Afeto é também dedicado a um compositor, Chico Buarque, que participa de três faixas, Vence na Vida Quem Diz Sim (com Ruy Guerra), Dueto, e Mambembe. São todos álbuns de ótimos repertórios, com o padrão de qualidade de Nara. Alguns se destacam, como é o caso de Meu Samba Encabulado, com uma seleção musical que vai de João Pernambuco (Brasileiro, com José Leal), e Leonel Azevedo e Meira, de Quando a Saudade Apertar.

Nara Canta em Castellano é o mesmo Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos, em espanhol, sem a faixa proscrita por Roberto Carlos. O Raridades II, compilada pelo produtor Marcelo Fróes (da Discobertas), reúne curiosidades em discos avulsos, e participações especiais de Nara Leão, canções como Cineangiocoronariografia (Pedro Caetano/Alcyr Pires Vermelho/Manuel Baña). A gravadora poderia aproveitar os 50 anos do tropicalismo para relançar os fundamentais Nara Leão (1968), e Coisas do Mundo Minha Nega (1969).

Confira Nara Leão em Como Será o Ano 2000?:

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