domingo, 8 de outubro de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Hoje retomo a carreira de um artista que além de grande intérprete, foi uma das figuras mais importantes da música popular brasileira, por sua militância em divulgá-la no exterior e por seu incentivo aos compositores e sambistas das classes mais populares, que dificilmente conseguiam espaço na mídia para divulgarem seus sambas. No entanto até chegar a este patamar o artista penou um bocado como foi mostrado ao longo da semana passada. Sua maré de azar só conseguiu mudar para melhor após a década de a partir de sua atuação no filme "Segura esta mulher", de Watson Macedo contracenando com Grande Otelo, Aracy de Almeida, Emilinha Borba, Bob Nelson e outros. A partir de 1948 ingressou na gravadora Star e lançou os sambas "Alfredo", de Buci Moreira e Haroldo torres e "Caso perdido", de Henrique de Almeida e Geraldo Gomes. Após gravar mais alguns 78 RPM's pela pequena gravadora é contratado pela Continental, onde grava sambas como "Miss Mangueira", de Antônio Almeida e Wilson Batista; "São Paulo", de Haroldo Barbosa e Garoto; "No fim da estrada", de Wilson Batista e Nóbrega de Macedo. Gravou também as marchas dos clubes de futebol do América, do Madureira e do Bonsucesso, todas de Lamartine Babo. Sem contar a marcha "Balzaqueana", de Nássara e Wilson Batista, gravada com acompanhamento de Severino Araújo e sua orquestra Tabajara. Essa canção foi uma das mais cantadas do carnaval de 1950. Com o sucesso deste disco, foi convidado para trabalhar no cast da Rádio Nacional, lá permanecendo por 15 anos. No entanto a consagração dentro da música popular ainda estaria por vir na década seguinte. Sem contar a relação que viria a ter com outro expressivo nome da MPB da época.

Em 1951, lançou a marcha "Sereia de Copacabana", um grande sucesso no carnaval; e no ano seguinte iniciou relacionamento afetivo com a cantora Nora Ney, recém-separada. A oficialização da relação viria a ocorrer três décadas depois, quando em 1982 casaram-se oficialmente. Dentre as façanhas artísticas de Jorge está o fato de ter sido um dos primeiros a interpretar em shows na noite do Rio de Janeiro o samba-canção "Vingança", de Lupicínio Rodrigues (não o gravou por motivos contratuais pois era contratado da gravadora Continental e Lupicínio Rodrigues, artista exclusivo da concorrente RCA Victor). Canções de destaque entre suas gravações são o samba-canção "Mané Fogueteiro", de João de Barro e o samba "Cais do porto", de Capiba, considerado um das obras-primas do compositor pernambucano. Na sua discografia destaque para o LP "Brasil em ritmo de samba", onde interpreta algumas canções pra ufanistas de grande sucesso nacional, tais quais "Brasil moreno", de Ary Barroso e Luiz Peixoto, "Canta Brasil", de David Nasser e Alcyr Pires Vermelho, "Isso aqui o que é?" e "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso. Um destaque em sua biografia musical é a aproximação com os sambistas dos morros cariocas na década de 1950. Enquanto a maioria pessoas tratavam tais músicos com certa indiferença, Jorge Goulart buscou fazer o contrário, aproximando-se de nomes como Zé Kéti, Candeia, Silas de Oliveira e Elton Medeiros. Essa aproximação rendeu-lhe o grande sucesso "A voz o morro", de Zé Kéti gravado em 1955 com acompanhamento de Radamés Gnattali e sua orquestra. Vale o registro de que ainda na década de 1950 o cantor foi agraciado com o troféu Microfone de Ouro instituído pela revista Radiolândia. Sucesso absoluto ao longo da década inteira.

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