segunda-feira, 6 de novembro de 2017

HERMETO PASCOAL LIDERA BIG BAND E TEM DESENCAVADA RELÍQUIA DOS ANOS 70

Por Tárik de Souza


Aos 81 anos, o incansável bruxo Hermeto Pascoal comanda uma big band no novo disco, “Natureza universal” (Natura Musical), que lançará em apresentação única no Circo Voador, no próximo dia 28. Com ele, sobem ao palco André Marques (regência), Jota P., Cesar Roversi, Raphael Ferreira, Josué dos Santos e Dô Carvalho (saxofones), Sergio Coelho, Fábio Oliva, Paulo Malheiros, Bruno Pereira e Jaziel Gomes (trombones), Raphael Sampaio, Diego Garbin, Bruno Soares, Rubinho Antunes e Reynaldo Izzepi (trompetes), Tiago Gomes (piano), Fábio Gouvêa (baixo elétrico), Cleber Almeida (bateria), Fábio Leal (guitarra) e Fábio Pascoal (percussão).

No roteiro, “um compêndio” de hermetismos pascoais com tratamento para a sonoridade de grande orquestra. Alguns arranjos foram escritos há mais de 30 anos e outros são mais recentes como “Obrigado mestre”. Há ainda, “Viva o Gil Evans”, “O som do sol”, “Pirâmide”, “Choro árabe”, “Brasil universo”, “Pulando a cerca”, “Obrigado mestre”, “Menina Ilza” e “Meu jumento mimoso (Jegue)”.

“Foi muito importante gravar esse trabalho no Brasil com músicos que entendem a linguagem necessária para dar aos arranjos uma interpretação de acordo com o que o Hermeto pensa”, admite André Marques.

Cada projeto pra mim é único, cuido como se fosse um filho, assim como os shows. Esse disco mostra acima de tudo o meu lado compositor e arranjador. A big band já tem grandes músicos tocando tudo, quero apenas colocar uma cores diferentes”, pincela Hermeto. 

Como se não bastasse, além deste disco e do duplo “No mundo dos sons” (SESC/SP,) já comentado aqui, a gravadora inglesa Far Out Recordings lança um álbum de Hermeto com o grupo Vice Versa, “Viajando com o som”. A gravação é de 1976, e estava perdida no estúdio paulistano Vice Versa, do maestro tropicalista Rogério Duprat. Com ele, os asesLelo Nazário (piano elétrico), Zé Eduardo Nazário (bateria), Zeca Assumpção (baixo), os saxofonistas Mauro Senise, Raul Mascarenhas e Nivaldo Ornellas, o guitarrista Toninho Horta e a vocalista Aleuda Chaves.

“Nos concertos realizados com esse time, notava-se claramente uma interação entre todos os músicos e o conceito do trabalho de Hermeto, tanto nas composições mais estruturadas quanto nas mais livres. Acredito que tenha sido essa a motivação que o levou a querer registrar este material em estúdio”, lembra Lelo.

Após a mixagem, Lelo pediu ao engenheiro que fizesse uma cópia do material, de máquina para máquina. A matriz acabou se perdendo com o tempo, mas Lelo conservou a cópia nos arquivos de seu estúdio por quarenta anos. Registradas num período especialmente experimental na carreira do Bruxo, elas atestam a linguagem musical única, que viria a ter uma profunda influencia em gerações de instrumentistas posteriores.


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