sexta-feira, 21 de outubro de 2016

CANÇÕES DE XICO


HISTÓRIA DE MINHAS MÚSICAS



O ROMANCE DO FOLE COM A VIOLA

Música composta no intervalo das gravações do CANDEEIROS E NEONS, meio pro brincadeira, meio a sério, meio passatempo, relatando o namoro, o noivado e o casamento do Fole com a Viola, felizes para sempre desde então. Pronta a melodia e esboçada a letra, lembrei-me da insistência com que pedem pra que eu seja cantor, o que não desejo por pretender deixar minhas limitações restritas à área da composição. Decidi, então, cantar nessa faixa para, a partir daí, não mais insistam com a proposta indecorosa de me colocar à frente de um microfone. Na interpretação do Rap ‘Abaiãozado’ ou do Baião ‘Rapeado’, Zé Brown, um dos maiores intérpretes do gênero.


O ROMANCE DO FOLE COM A VIOLA
Xico Bizerra

o mestre lua com abdias de lado ‘garrou na mão de marinês e foi pra lá
abraçado com louro a pajeuzar surgiu toinho e seu baião bem violado
jacinto veio com seu ‘jack’ pandeirado, trouxe ary lobo, gordurinha e muito mais
chega depois lampião com todo o gás soltando a sabiá de dantas da gaiola
era o NAMORO do fole com a viola naquele céu em que a lua inventa a paz

o vento verso/patativa foi chegando ‘amuntado’ n’asa branca de humberto
marcolino semeou o poema certo colheu cantigas pro seu povo bom e brando
de monteiro veio pinto versejando, trouxe a concórdia amancebada com o amor
cancão desenssinava o que era dor, felicidade nesse dia fez escola
era o NOIVADO do fole com a viola naquela esquina em que o céu descobre a cor

foi-se achegando todo o povo brasileiro e a poesia espalhou-se pelo ar
vitalino pegou barro pra moldar um boi bonito pra esse casal faceiro
o padim ciço num milagre verdadeiro fez um coral com mais de quarenta lindus
rezou a missa, no final, sinal da cruz, abençoou os noivos com sua estola
no CASAMENTO do fole com a viola naquela curva onde o sol concebe a luz

os poetas, repentistas, violeiros, tocadores, sanfoneiros todos foram festejar
sou testemunha desse acontecimento desde o primeiro momento eu também estava lá
desde o namoro no araripe começado, no moxotó o noivado desse casal tão feliz
no pajeú foi que deu-se o bole-bole, o casório do artista fole com a viola atriz
– me diga aí, zé brown, se você também tava na festança, se na dança você também foi dançar
– eu tive que dançar e fazer parte dessa história, pois fica na memória um conto bom de se contar. juntando o rap, o repente e a toada, o aboio e a embolada a gente faz uma fusão. aí mistura o coco com o forró e tudo numa nota só pode fazer um baião. é o som do sertão, difícil de decifrar, sei lá, é deixar a natureza declarar, registrar todo aquele momento entre os dois instrumentos que trataram de se juntar. vamos lá. vou recitar a poesia, assim a viola dizia no pé do mourão esperando o fole que se fazia de mole numa bela canção, de coração. é de onde vem a junção e a criação, é onde surge a festa e a diversão. por isso eu fui dançar, sem parar, pergunte a xico bizerra, testemunha ocular. dancei, suei, até gastar a sola no casamento do fole com a viola … naquele céu em que a lua inventa a paz … naquela esquina em que o ceu descobre a cor … naquela curva onde o sol concebe a luz …

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